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LÍDER x EMPREENDEDOR

LÍDER x EMPREENDEDOR
Jaime Wagner
mar. 5 - 4 min de leitura
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As figuras do líder e do empreendedor se confundem, pois normalmente andam juntas. Mas o empreendedor nem sempre é um líder e o líder não precisa ser empreendedor, embora as duas qualidades se complementem e o ideal seja cultivá-las em conjunto.

Liderança e empreendedorismo têm a ver com poder. Entretanto, o poder do empreendedor é fazer, enquanto o do líder é influenciar. A capacidade de execução não requer necessariamente o exercício do “poder sobre” outros, mas sim o “poder de” realizar. Tenacidade, persistência, foco, resiliência, motivação e coragem são atributos necessários do empreendedor.

Liderança é a capacidade de influenciar os outros. O poder de influência tem várias formas, mas sempre requer que o liderado conceda autoridade ao líder por reconhecer nele algum atributo: força, riqueza, virtude, conhecimento etc.

O poder manipulativo tradicional é a coerção, cujo instrumento é a força. É mal visto, porque inspira o temor. Mais bem visto, pois se associa ao prazer é o poder de compensar. Seu instrumento é a propriedade, a promessa de algo que o outro deseja. Entretanto, a compensação é tão manipulativa quanto a coerção, pois lida com as reações primitivas de qualquer animal que busca o prazer da satisfação de necessidades e foge da dor e do risco. Evoca a figura tradicional do burro entre a cenoura e o chicote – stick and carrot. O líder manipulativo precisa demonstrar sua força (física ou emocional) ou suas posses – pelo menos deve aparentá-las – bem como sua disposição para usá-las.

A autoridade moral do líder virtuoso não está na sua pessoa ou nas suas posses, mas no seu comportamento. O requisito principal da autoridade moral é a verdade. O compromisso com a verdade requer fundamentação lógica e comportamento coerente. Diz o ditado que “a palavra convence, mas o exemplo arrasta”. Fingir ser moral é uma forma de manipulação – e fraca.

Liderança e empreendedorismo são qualidades derivadas das virtudes de caráter mais fundamentais. A principal virtude do líder é a moderação, enquanto a virtude maior do empreendedor é a coragem. Tanto o líder quanto o empreendedor, precisam ter autoestima profunda, bem como elevada senso de propósito e transcendência - virtual esquecimento do ego em função de algo maior - uma causa, uma idéia ou o coletivo. O senso comum pode pensar que o empreendedor é um egoísta e que um líder verdadeiro deveria ser altruísta. Porém, um ego forte não está em oposição ao idealismo.

Ambos precisam ser persistentes e resilientes, mantendo a motivação por longos períodos de tempo, apesar das adversidades. Entretanto, o líder é mais sensível ao risco e age mais no sentido de evitá-lo, além de ser meticuloso. O empreendedor é mais tolerante ao risco e enfrenta melhor as situações em que não tem muito controle, podendo chegar a ser impulsivo e temerário – origem do adágio “ele não sabia que era impossível, então foi lá e fez”.

O líder avalia, pondera e busca o consenso, ou pelo menos o consentimento, para a ação coletiva, e assim, tem menos capacidade de reação do que o empreendedor, sendo mais lento. Pode perder oportunidades ou tardar a responder a ameaças imediatas. Em contrapartida, diante de uma oportunidade ou desafio, o empreendedor age rápido. Com isso, comete mais erros e é mais propenso à ansiedade. Como é rápido também para corrigir erros, aprende mais rápido.

Tanto o empreendedor como o líder são carentes de reconhecimento e recompensa, mas, como são persistentes e resilientes, conseguem esperar por longo tempo pela gratificação.


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